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quinta-feira, 31 de março de 2011

Maratona Messier

Amanhã o Observatório Bellatrix estará disponibilizando uma Maratona Messier Virtual. O seu site iniciará os trabalhos com imagens diretas de seu telescópio a partir das 18:00. ( Italia). Apresentará também a possibilidade de chat.
http://virtualtelescope.bellatrixobservatory.org/mm2011.html

A maratona Messier consiste em se observar os 110 objetos do catalogo Messier em uma única noite. Não é uma tarefa fácil . Não é possível avistar todos os objetos de minha localidade . Mas é possivel ver muitos deles . Com pequenas variações de ano para ano.
Esta é a ultima janela para sua realização este ano.  Este ano não é dos mais favoráveis...

A seguir uma serie de Links que podes ser uteis nesta missão...

http://www.seds.org/messier/xtra/history/m-cat.html  ( O catalogo Messier)

http://www.seds.org/messier/Messier.html  ( Tudo sobre Messier... ou quase)

http://www.seds.org/messier/xtra/marathon/mm2011.html

http://members.shaw.ca/rlmcnish/darksky/messierplanner.htm ( Planeje sua maratona...)

O Catalogo J.E.S.S de Nebulosas e Objetos Estelares: A verdadeira História

O Catalogo J.E.S.S de Nebulosas e Objetos Estelares:


a verdadeira história.



Introdução

O catalogo JES.S. surgiu para mim como uma espécie de herança. Posteriormente se tornou um trabalho delicioso. O projeto de recuperar esta parte da história da Astronomia em seu período clássico foi realmente gratificante. Cheio de surpresas e ensinamentos.

Neste trabalho pude recuperar a obra de dois gigantes desconhecidos da astronomia. O que o tornava às vezes árduo.

Os papéis que me chegaram em mãos e os que depois continuaram sendo localizados conforme minhas pesquisas se aprofundaram estavam sempre em péssimas condições e muitas veze eram apenas garranchos quase ilegíveis escritos a mais 250 anos .

A cronologia de minha pesquisa é algo próximo ao realismo fantástico de Macondo. Uma pesquisa sobre um lugar e dois homens que não existem mais. E não fosse a curiosidade de outros homens jamais seriam lembrados.

Os textos iniciais foram encontrados entre milhares de livros que meu avô estocava em nossa casa de praia. Os textos iniciais foram obtidos provavelmente pelo próprio. Meu avô nunca fora um homem organizado.

Ele foi um dos primeiros forasteiros a comprar terras na antiga Armação do Buzios. Isso nos idos dos anos 40. Na verdade na comarca de Cabo Frio. Buzios só se tornaria município muitas décadas depois.

Sempre gostou de antigüidades e manteve um pequeno antiquário na Rua do Lavradio, no centro do Rio de Janeiro, até o fim da vida.

Eu procurava algo interessante para tese de meu mestrado em História.

Meu amor sempre fora a história da astronomia. Quando se fala de astronomia se pensa sempre nos grandes nomes. Galileu, Newton e até mesmo Einstein. Mas meus favoritos sempre foram os autores dos catálogos clássicos. Lacaille, Messier e Herschel formavam minha trindade.

Assim meu projeto era desenvolver a tese fazendo um paralelo entre a história dos catálogos de nebulosas dos séculos xvii e xix e o desenvolvimento da cosmologia. Bem interessante, não acham?

Com este tremendo abacaxi pela frente resolvo ir até nossa fazenda e me isolar lá enquanto me preparo para escrever a bendita da tese.

Certa noite fui caçar algo para ler no escritório de meu falecido avô. Uma caixa de papelão que lembrava estar lá desde sua morte jazia sobre a mesa. Molhada, úmida, podre mesmo. Fui fuçar e não foi minha surpresa quando vi entre os muitos papéis ali dentro uma folha. Muito velha. Peguei com cuidado. Escrito em uma letra rebuscada e evidentemente com uma pena consigo vislumbrar escrito: “Nebulosas sobre o céu do Arraial dos Peixes de Buzios”. Estava datada de 1767. Não apresentava o nome de seu autor. Lendo mais um pouco percebi que chegara até minhas mãos o primeiro catalogo de nebulosas realizado no Brasil e um dos primeiros do Hemisfério Sul.

Outros papéis, estes em péssimo estado, via-se claramente a data de 13 de maio de 1764. Era evidentemente uma copia de um catalogo estelar. Apesar do péssimo estado dos papéis pude notar que descreviam alguns objetos do Catalogo Maessier.

Isto me deixou incrédulo . O primeira versão do catalogo Messier só fora lançada em 1771. Eu tinha em minhas mãos o “Catalogo Perdido de Messier em minhas mãos.

Charles Messier era uma das pedras fundamentais de minha tese .

O Catalogo Messier é uma bíblia da astronomia amadora e foi a maior referencia sobre objetos de céu profundo durante o final do renascimento. Na verdade até 1782 quando Herschell iniciou sua busca era o maior coleção de objetos de céu profundo já catalogada.

Neste momento gostaria de abrir aspas para esclarecer os leitores.

“O que são objetos de céu profundo ?

Isto é bastante vago e neste artigo vou apresentar de forma mais clara as diversas categorias de objetos que em seu conjunto são chamados de Objetos de Céu Profundo (DSO, do inglês, Deep Sky Objects). Utilizarei deste anglicismo daqui para frente . D.S.O.

De uma forma geral pode-se dizer que D.S.O. É qualquer objeto que não seja uma estrela e que esteja além do nosso sistema solar. A maioria dos D.S.O. É tênue, difuso e necessita de um telescópio para ser avistado. Aparecem maravilhosos em fotografias de longa exposição mas em geral aparecem apenas como “esfumaçamentos” de luz para os olhos humanos, até mesmo através de grandes telescópios. D.S.O. Dividem-se em diversas categorias:

Aglomerados Estelares Abertos

Aglomerados Estelares Globulares

Nebulosas Difusas

Nebulosas Escuras

Nebulosas Planetárias

Resíduos de supernovas

Galáxias

Grupos de Galáxias

Quasares

Lentes Gravitacionais

Aglomerados estelares Abertos- São agrupamentos frouxos de estrelas. Alguns aglomerados abertos são grandes e espalhados. As Hyades (em Touro), as Pleyades (idem) e o Presépio (em Câncer) são desta forma e visíveis a olho nu. Outros são pequenos e tênues. Suas estrelas não se resolvem e o aglomerado parece uma névoa no céu. Quando podemos ver as estrelas que formam o aglomerado dizemos que ele foi resolvido. De uma forma geral quanto maior o telescópio (Diâmetro), mais aglomerados ele vai resolver. Alguns aglomerados terão apenas poucas estrelas. Outros apresentarão centenas, parecendo um derrame de sal sobre o céu. Tente perceber a diferença de cores nas estrelas que os compõem.

Assim como diversos D.S.O. Alguns aglomerados abertos aparecem melhor em telescópios pequenos do que em grandes. M11 (Em Scutum) vale a pena em qualquer tamanho. O Presépio (em Câncer) é melhor em telescópios pequenos. Já Ngc 2158 melhor em grandes.

Porque estrelas acontecem em aglomerados? Estrelas se formam de gigantes coleções de gás no espaço quando algum tipo de onda de choque passa por estas nuvens de gás as comprimindo e as fazendo colapsar sobre si mesmas formando estrelas. Ao contrario da gente todas as estrelas se formam quase que simultaneamente desta maneira. Através do tempo começam a se afastar uma das outras, mas dependendo de diversos fatores podem permanecer unidas por longos períodos. As gigantes nuvens de gás em que se formam as estrelas se concentram no plano da galáxia, ao longo da Via Lactea. è por isto que a maior parte dos aglomerados abertos aí se encontram. Por isso são chamados também de aglomerados Galácticos.

Aglomerados Estelares Globulares- Estes aglomerados estelares são grupos muito maiores de estrelas mantidas juntas de forma muito mais concentrada e em um formato esférico. Aglomerados globulares possuem, em geral, centenas de milhares de estrelas reunidas em uma “bola”.

Se concentre nos Globulares mais brilhantes para vistas sensacionais (Tuc 47, Omega Centauro, M22). Posteriormente olho por outros mais tênues.

Aglomerados Globulares são compostos de estrelas velhas, Ao contrario dos abertos que se formam de forma continua, todos os globulares se formaram a bilhões de anos. Parece que estes aglomerados se formam quando duas ou mais galáxias colidem; tais colisões estimulam a formação de estrelas em escalas muito maiores (devido às imensas ondas de choque). Todos os aglomerados globulares de nossa galáxia se formaram aproximadamente ao mesmo tempo. Eles são encontrados fora do disco galáctico. Na região conhecida como Halo, formando uma espécie de nuvem a redor do centro galáctico. Por causa disto é que podemos ver a sua maioria durante o inverno em direção a sagitário que é onde se encontra o centro de nossa galáxia.

Nebulosas Difusas- São nuvens brilhantes de gás e poeira. A nossa galáxia está cheia delas e elas se posicionam ao longo do disco galáctico (principalmente). A maior parte deste gás e escuro, porém na proximidade de uma estrela quente e brilhante o suficiente ele pode incandescer Há duas maneiras de um gás brilhar. Ambas requerem grandes quantidades de luz azul e radiação UV adentrando a nebulosa. Estrelas quentes e massivas são excelente fonte de ambas.

São estas nébulas que causam os maiores desapontamentos porá os astrônomos iniciantes que esperam ver cores vívidas e detalhes observados em fotografias. Esqueça seus olhos não podem perceber cores e detalhes como um CCD em uma exposição de varias horas. Nem como um Filme 400 asa. Elas sertão P&B e bastantes difusas. Assim como neblina. Uma das melhores nebulosas para se observar é M42 em Orion. Situada na espada do guerreiro você será capaz de perceber sua nebulosidade até mesmo a olho nu. Mesmo com um pequeno telescópio você vai notar alguma estrutura nela. Até mesmo alguma cor.

A luz é difundida conforme ela penetra na nuvem de gás de uma forma semelhante a como a luz do sol ao penetrar a atmosfera terrestre. São as partículas de poeira que fazem a difração. È a luz azul que se difunde com maior facilidade sendo os que os outros comprimentos de onda passam “lisos”. A luz azul porem se difunde em todas as direções. Os astrônomos chamam a isto de Nebulosas de reflexão. Por isto são azuladas em fotografias.

A outra forma de uma nuvem brilhar é quando a luz de uma estrela é absorvida pelos átomos de gás e então reemitida. Átomos de hidrogênio gostam de absorver radia luz UV. Com isto seu único elétron obtém energia para sair livre e leve até encontrar outro núcleo de hidrogênio, se recombinar e fazer outro átomo de hidrogênio. Com isto devolvendo a energia roubada geralmente em forma de luz. Desta vez avermelhada. Muito semelhante a um anuncio em neon. Os astrônomos chamam isto de regiões HII. Novamente só serão avermelhadas para um CCD. Para você serão acinzentadas.

Nebulosas Escuras- Estas são nuvens de gás e poeira que escondem as estrelas atrás dela. O gás no espaço interestelar é acompanhado por minúsculas partículas de poeira, muito parecida com a fumaça de um cigarro. Se a nuvem é densa o suficiente esta grãos refratem e absorvem luz suficiente para tornarem as estrelas que estão atrás invisíveis. Estas nebulosas são talvez melhor observadas de binóculos A via lacte durante o inverno é um bom local para se procurar por elas. Procure por locais ao longo do disco onde parecem estar faltando estrelas.

A mais conhecida destas nebulosas é a Nebulosa Cabeça de Cavalo em Orion Famosa em fotografias e um objeto muito procurado e pouquíssimo visto por astrônomos visuais. O formato de uma cabeça de cavalo é delineado pela nebulosa escura sobre uma tênue nebulosa de reflexão no back ground. O problema é que se você não é capaz de perceber esta tênue e fraca nebulosa de reflexão ao fundo imagine a nebulosa escura a sua frente. Ver isto não é para iniciante e às vezes nem para iniciados.

Nebulosas Planetárias- Estas são outro tipo de nuvens de gás incandescente. Elas se formam quando estrelas atingem a meia idade. Estas estrelas se inflam varias vezes acima de sua circunferência original (um pouco como os homens...). Até um ponto que expelem suas camadas de gás mais externas para o espaço. A quente estrela central faz esse gás brilhar muito como nas regiões HII. A diferença que o gás não é hidrogênio. Oxigênio em geral e alguns outros resíduos. Ou seja, estas nebulosas nada têm em comum com planetas. Algumas Nebulosas planetárias aparecem como um azul muito tênue ou esverdeada (pelo menos as mais brilhantes).

Estas nebulosas existem em diversas formas e tamanhos. Algumas são descritas como muito brilhantes mas são tão grandes que esta luz se espalha sobre uma grande área. Isto as faz difíceis de serem avistadas. Pois como o mais importante é o caminho e não a chegada achar estes objetos pode ser extremamente prazeroso.

Algumas outras são pequenas e com isto se tornam mais fáceis de serem vistas. Um exemplo clássico é a conhecida Nebulosa do Anel (M 57) em Lyra. Localizada entre duas estrelas visíveis a olho nu é um alvo indicado para iniciantes. Não espere ver muitos detalhes em telescópios pequenos.

Resíduos de Supernovas- Quando uma estrela explode como uma Supernovas ela deixa uma enorme nuvem de gás em expansão. Estes vestígios variam desde a “brilhante” Nebulosa do Caranguejo (M 1) em Touro até a tênue Nebulosa do Véu em Cygnus.

M 1 é a mais brilhante dessas Supernovas e aparece como um ponto levemente enevoado em telescópios pequenos (Até 100 mm). Outros exemplos necessitam de telescópios muito maiores e filtros OIII eUHC podem ajudar.

Galáxias- Galáxias são universos ilhas assim como a nossa. Apresentam estrelas, aglomerados e nebulosas próprias. Galáxias assim como estrelas tendem a se agrupar em aglomerados. A galáxia de Andrômeda é o objeto mais distante visível a olho nu. Ela faz parte do chamado grupo local do qual a Via-lactea é um integrante.

As galáxias aparecem em sua maioria como pequenas nebulosas. A dois tipos principais de Galáxias: as espirais e as elípticas. As primeiras apresentam uma forma discóide como a nossa . As outras apresentam um aspecto arredondado ou ovóide e um núcleo estelar.

Lembre se que a magnitude das galáxias é imaginada como se fosse possível juntar toda a luz de uma galáxia em único ponto estelar. Elas apresentam um baixo brilho de superfície o que as torna objetos difíceis.

Aglomerados de Galáxias- São grupos de galáxias visíveis em um mesmo campo ocular. São famosos os catálogos Hickson e Abell. São voltados para astrônomos com grandes telescópios e experiência idem. São as maiores estruturas do universo. Neste caso cobrindo imensas áreas de céu. O Aglomerado de Virgem apresenta algumas galáxias ao alcance de telescópios pequenos.

Quasares – São objetos semelhantes a estrelas, porém extremamente distantes. Eles são os centros extremamente brilhantes de galáxias que em todos os outros aspectos são normais. Tudo indica que as galáxias possuem em seu centro massivos buracos negros. Quando uma galáxia colide com outra, gás e poeira são jogados para o centro da galáxia. Uma parte deste material acha sua orbita em direção ao buraco negro. A imensa gravidade faz o material em orbita emitir enormes quantidades de energia. Este quasar ao centro desta galáxia sobrepuja o brilho de toda a galáxia. E por isto a galáxia parece com uma estrela. Ou quase uma estrela (Quasar).

A física dos quasares os torna interessantes para o pensamento, porém nem tanto para a visão. São objetos distantes que brilham como uma estrela tênue. O Mais brilhante dos quasares responde pela alcunha de 3c 273. Ele visível em um telescópio de 150 mm. E só.

Lentes Gravitacionais- Não são D.S.O. Propriamente. Se refere geralmente a quasares que ao terem sua luz dobradas por um aglomerado galáctico alinhados com ele apresentam mais de uma imagem do mesmo objeto , “ dobrando assim sua magnitude. Este efeito também pode ser entendido como a cruz de Einstein. Não se conhece nada visível para Telescópios pequenos.

Isto foi o que a humanidade colecionou até meados do séc. XXI. O desenvolvimento da compreensão destas estruturas é também um dos pontos a serem abordados em nossa história. Nossos heróis são parte das engrenagens que levaram ao conhecimento que nos permite compreender (ou pelo menos tentar) a geografia do universo.

Com isto cancelei meus planos e minha tão inspirada dissertação sobre a cosmologia e os catálogos de nebulosas europeus. E mergulhei na aventura que resultou no Catalogo J.E.S.S. de Nebulosas e Objetos Estelares.

Vou relatar para vocês a história de José Eustaquio do Nascimento e Islas e de Dom João Silvano Silva que resgatei.

E de todo o processo de pesquisa e investigação que permitiu resgatar a grande obra destes homens.

Por fim apresentarei o grande catalogo deixado por eles e que acrescenta objetos aos ditos 152 objetos clássicos de céu profundo conhecidos até 1780 quando Herschel começou sua tal busca sistemática por estes tipos de objetos celestes. E também uma coleção de relatos sobre diversas descobertas astronômicas surpreendentes que os nivela com os gigantes de que falamos. Vou apresentar as figuras humanas, sua cosmo visão e cosmologia.

E ainda apresentar o Catalogo J.E.S.S. para todos. Bem como o caminho das pedras para aqueles que buscam localizar estes objetos no firmamento...

Por fim: eu criei o nome “Catalogo J.E.S.S.”. E uma brincadeira com as iniciais de seus autores: José Eustaquio e Silvano Silva.

PS – Diversas histórias que foram já divulgadas sobre o Catalogo Silvano Silva e José Eustaquio podem ser situadas no terreno das lendas. Era apenas o rascunho de um trabalho. Um romance na verdade. Algumas destas histórias estarão aqui. Outras não. Para que no futuro não haja confusões os textos que foram escritos e que ainda podem ser encontrados espalhados pela internet e em algumas copias perdidas são todos reconhecidos pelo titulo equivocado de “O catalogo J.E.S.S de Objetos Estelares”. Isto foi um erro devido a péssimas condições de alguns dos escritos. Pareceu-me , em um primeiro tratamento e antes da restauração dos escritos, que ambos ( Silvano Silva e José Eustaquio ) consideravam todas as estrururas nebulosas que observavam como que compostas por estrelas. Apenas não eram capazes de resolver estas devido a potencia de seus telescópios. Isto não é verdade e a cosmologia que ambos desenvolveram é bastante mais complexa. Pondo um fim neste assunto foram encontradas anotações onde ambos se referem a seu levantamento dos céus com o titulo de Nebulosas e Objetos Estelares sobre o Arraial dos Peixes de Buzios.Assim sendo achei que em respeito a nossos pioneiros heróis o titulo deste trabalho deva ser: “O Catalogo J.E.S.S. de Nebulosas e Objetos Estelares”.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Astrolog 25 de março de 2011

Newton 150 mm f8

Seeing 2 (fraco)

Buzios , Geribá

Essa foi uma sessão observacional conturbada.

Saí do Rio com minha filha as 4:00 PM.

7:05 PM começava a montar o telescópio.

Alinhamento Polar bastante simples . É só alinhar o eixo polar perpendicularmente a parede do quintal . A cabeça equatorial já sabe a latitude local “de ouvido”.

Aí começou a enrolar.

Alinhar as buscadoras. Coloco a 25 mm no focalizador.

Eu prefiro alinhar as buscadoras utilizando um ponto fixo de luz. Ou pelo menos que gire comigo.

Astronomia urbana também tem qualidades . Em qualquer lugar você tem um poste ao longe ou uma janela iluminada.

Astronomia suburbana já não é bem assim. O único pote que se encontra a uma distancia razoável para servir de estrela está sem Luz. Ok. Saturno vem nascendo a leste. Vamos alinhar tudo com um alvo móvel.

Centralizo o planeta no red-dot finder e olho na buscadora ótica (10x50mm). Quase fora do campo (~= 5º ). Centralizo o alvo e olho pela ocular. Nada...

Escaneio para lá e para cá. Nada...

Olho , sacudo e mexo um pouco nas buscadoras. Após alguma procura aparece o planeta dos anéis em minha ocular. Alinho melhor s buscadoras e aumento a magnificação. Coloco logo a 4mm. O seeing não esta lá estas coisas.

Depois de apanhar mais um pouco com a buscadora ( que evidentemente tá afim de me sacanear) consigo enquadrar o objeto no pequeno campo da Plossl 4mm Cintax.

Rapidamente percebo que meu alinhamento polar “de ouvido” poderia estar melhor.

Em momentos de relativa estabilidade vislumbro a divisão Cassini . Algumas faixas no disco do planeta. 2 faixas claramente distintas na estrutura dos anéis.

Titã facilmente visto a distancia de um disco planetário a oeste. A leste percebo mais póxima ao disco Dione. Vislumbro , em momentos de bom seeing e com “averted vision”, Rheia entre Dione e o disco planetário.

Tento colocar a Barlow com a 4 mm. 600x. Não presta.

Depois uma rápida visita a Eta Carina. Com a 25 e a 10mm. Faixas negras. Sempre linda.



O telescópio saiu de dentro do carro com ar condicionado diretamente para o jardim. Começo a perceber condensação do lado de fora do OTA.

Para tudo! E espera as coisas se aclimatarem.

Atingir algum tipo de equilíbrio térmico.

. Me desentendo um pouco com a buscadora (novamente...) e vou até Arcurus para afinar. De volta após o jantar vou em busca de Izar .( Mirac; Mirak; Mirach; Mizar; Pulcherrima).

Uma dupla bastante conhecida .Separadas por apenas 3`de arco é um alvo duro. Um teste de Seeing. Acredito ter percebido um pequeno espaço negro separando seus componentes . O seeing não esta estas coisas..E está muito úmido.

Mais tarde , por volta de 1:30 AM , visito a lua que chega apagando as estrelas.

Albategnius é uma bela cratera com 139 km de diâmetro. Se percebe claramente seu pico central. Pode ser percebida com um binóculo 10x.

Observei Platão ,no limbo noroeste, por algum tempo com a 17 mm. Interessante formação circular. Grande .Apresentou fenômenos lunares transientes. ( Nuvens em 1871). Percebo estruturas colapsadas tanto a sudoeste como a nortoeste de suas paredes.

Por fim vasculhei a região próxima a Abulfeda utilizando a 4mm. 300x. Logo a sul se destacam três crateras em um padrão triangular. Bem junto ao terminator. São Geber , Abenezra e Azophi. Abenezra é um pouco mais jovem que as outras duas.

Faço mais uma visita a Saturno e recolho as coisas. O tempo deu uma fechada por volta de 2:30 AM

Astrolog 26 de março de 2011

Hora do planeta . Tudo apagado de 20:30 até 21:30.
A noite não rendeu... Churrasco, cerveja e um seeing muito fraco.
 A grande estrela da noite foi Saturno.
 Ok eu sei que a figura é das piores. Em primeiro lugar porque Saturno é planeta....
De qualquer forma o Newton estava montado e todo mundo foi ver o planetas dos anéis. Sempre faz sucesso.  E de quebra pude perceber claramente Titã , Reia e Dione.
DIONE
Titã é figura facil. Mas Réia e Dione são mais discretas . Com 10.8 de Magnitude Dione é discreta. Mas foi percebida até com visão direta em momentos de estabilidade.
Avistei uma pequena galáxia em Virgem . Mas confesso que por acaso e não me dignei a tentar descobrir o que era. Cerveja é inimiga da observação com método...
Mostrei também a caixa de Jóias aos curiosos. É sempre legal ouvir as pessoas  dizendo:
-Uau !

Depois visitei Omega Centauro. Com 25 mm se resolvem algumas estrelas nas bordas. Com 120 X  resolvo mais e percebe-se  uma serie de estrelas em direção ao centro. O sseing e a transparencia deixam a desejar. Somando a cachaça achei melhor encerrar fazendo uma rápida visita até Selene (a Lua)e apresentar uma geral para os amigos com a 17mm.
 Fim de Jogo.

PS - Dione é uma Titã das mais obscuras . Filha de Afrodite . Para detalhes:


sexta-feira, 25 de março de 2011

Astrolog 25 de março 2011


Astrolog 25 de março 2011


Após um longo período de céus nublados consigo, enfim, observar algo.

Depois da rápida transformação necessária para que o observatório se instale na Sala do Nuncius.
A lua vai raiando no Horizonte leste. Vamos visitar Selene. Filha de Hyperion e Theya.

Começo com a 25 mm Plossl. Isto me permite observar a lua inteira (48X). Alguns detalhes me atraem a atenção. Como a lua é um objeto muito claro utilizo o telescópio apenas com 50 mm.

Embora longe do “terminator” (área que divide a parte sombreada da parte iluminada) Grimaldi, Bem no limbo oeste me chama a atenção. É uma grande formação circular e dependendo da libração é mais ou menos visível. Sempre me chama atenção. É pequena para ser uma Maria. Possui cerca de 228 x 228 km. Apresenta um fundo plano coberto por material magmático e apresenta diversas craterlets.

Vou vendo velhas crateras conhecidas espalhadas pela sua face. Copérnico, Ptolomeu e Alphonsus parecem apontar para Maurolycus e Barocius. São duas crateras geminadas. Maurolycus é maior e Barocius esta bastante danificada. São ambas as crateras do Período Nectariano (entre 3.98 e 3.85 Bilhões de anos.)

Aproximando-me do terminator outra dupla me chama a atenção. No norte percebo completamente iluminadas e a oeste do Terminator duas belas crateras. Aristóteles e Eudoxus. Estas separadas por Bilhões de anos na história geológica de nosso satélite. A primeira é do período Erathosteniano (entre 3.2 e 1.1 bilhões de anos) e a segunda mais recente do período Copernicano (de 1.1 bilhões e o presente)

Aumento a Magnificação e me concentro na região em volta de duas crateras que se encontram exatamente no terminator. Theophilus e Cyrillus. Ambas parecem se conectar. Aumento ainda mais a Magnifcação e coloco uma ocular de 4 mm .Retiro completamente a tampa do telescópio. A ocular é mais escura e permite o uso dos 150mm do espelho sem agredir minha vista. Com Isto tenho bastante detalhe da região. Percebo claramente Cyrillus A. Dentro de Cyrillus. Kant se encontra em posição perfeita e se percebe muito detalhe desta pequena Cratera nas encostas do Monte Penck. Este se revela claramente e se percebe suas altas encostas (4000 metros). Um refrator de 50 mm já é capaz de revelar esta antiga formação. Calculada como do Pré - Imbriano (4.5 até 3.85 Bilhões de anos). Sua datação é controversa;

Outras crateras que me chamam a atenção e olho por mais tempo são Ibn Rushd, ao sul de Kant e a norte do Monte observa longamente Alfraganus. E mais a norte a grande Delambre.

Depois do tour Lunar faço uma rápida visita até Alfa centauro para dividi la com a nova ocular Plossl 4mm. Fácil.
Texto a colimação na brilhante estrela e tudo esta bem.
Rápido, fácil e divertido...

PS- Observação com Newtoniano 150mm. . Oculares utilizadas : Plossl 25 ,10, 4 mm.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Resenha - Cosmic Challenge.

Cosmic Challenge

Cosmic Challenge é o novo livro de Phil Harrington. Ou Philip S. Harrington. Autor da famosa coluna Binocular Universe of Phil Harrington, que foi parte da Astronomy Magazine durante anos e atualmente esta no site Cloudy Nights. Seu eterno slogan : " two eyes are better than one".

O livro ainda está quente foi lançado no começo do ano e eu tinha reserva antes dele chegar à Amazon. Primeira edição.

O livro se apresenta como "The Ultimate Observing List for Amateurs".

Dividido em capítulos cada um apresenta uma lista que se pretende desafiadora em relação ao equipamento utilizado.

 Assim os desafios se dividem em:

1-Desafios a olho nu

2-Desafios Binoculares

3-Desafios para pequenos telescópios ou grandes binóculos (3 à 5 pol.)

4-Desafios para telescópios médios (6 a 9.25 pol.)

5- Desafios para telescópios grandes.

6-Desafios para telescópios gigantes (Monster scopes)



As listas são bastante inovadoras e apresentam alguns objetos mais obscuros. Não se preocupe. Dezenas de Messier estão entre os desafios. M13 é um "naked eye".

O livro apresenta mais de 500 objetos desafiadores para o novato e para observadores mais avançados também. Apresenta um curioso mix de objetos no sistema solar e de Deep Sky.

Todos os objetos vêm acompanhados por um rating de dificuldade, uma aprofundada descrição, um mapa para localização e um desenho realístico.

Os mapas apresentados no livro  são para o uso depois de uma aproximação. O livro dá referencias para se utilizar em paralelo o Sky Atlas 2.000. Outra possibilidade é usa-lo com o apoio de um programa como  Cartes du Ciel ou  Stellarium.

Não se pode negar que alguns alvos não serão viaveis ou estarão no desafio errado para os habitantes das latitudes austrais.

Minha edição é em capa dura como uma sobrecapa de papel. Belo livro.

Minha mulher vai adorar ele no meio da mesa de centro...

domingo, 20 de março de 2011

D.S.O. X Supermoon

              Hoje é a tão aguardada noite da "SuperMoon". A lua cheia acontecendo durante ou muito próxima ao perigeu.  19 de março de 2011.Desta vez ela esta a 358.577   km de nós.
          Como não poderia deixar de ser o Nuncius foi ver a Lua . Eu , minha esposa e filha. Por entre as nuvens. No forte de Copacabana. 
             Não imaginava que fosse ser possível observar algo naquelas condições.
            Ao chegar em casa ,  olho pela janela e percebo o Cruzeiro   em boa posição para observar.
    O Newtoniano estava ao lado.  Um rápido ajuste na geografia de minha sala  e ele esta colocado em posição. 
            Como podem ver a "Caixa de Jóias" sobrevive ao encontro com a tal de Supermoon... Ainda que de forma mais discreta que em noites mais escuras.
           A lua torna o Horizonte sueste quase inexistente para os caçadores de D.S.O. Mas como a descoberta de Lacaille esta residindo mais à oeste ela resiste bravamente. Apresenta até mesmo suas cores.
   
           Rapidamente faço um sketch que depois é "envenenado" no Photoshop.
           Como não sou exatamente um artista esta técnica permite excelentes resultados e registro bem fidedignos do que se observa na ocular.
           Uma grata surpresa.


quarta-feira, 16 de março de 2011

Afinando Buscadoras.

Afinando Buscadoras


Buscadoras. É parte fundamental do equipamento astronômico.

 Eu, particularmente, as adoro.

Uso dois tipos em meu telescópio.

Uma “de led” (red-dot. finder) e uma óptica. 10x50.

Buscadoras têm que estar alinhadas com o eixo de seu telescópio. Uma buscadora descalibrada é fonte de inúmeras frustrações. Muitas vezes também fonte de diversos impropérios.

Ajustar suas buscadoras é uma arte.

Para realizar o ajuste das buscadoras é interessante você possuir um ponto de luz fixo a uma boa distancia. Em minha casa utilizo sempre uma pequena luz de Top de um prédio distante. Em geral você sempre obtém um poste ou uma pequena fonte de luz a distancia. Caso não seja possível escolha uma estrela brilhante. O ajuste se torna mais difícil devido a rotação da terra, mas é possível se conseguir bons alinhamentos assim.

O ajuste de “red-dot finder”. Não chega a ser complexo. Em geral eles têm dois botões que permitem o ajuste de ambos os eixos.Em um primeiro momento eu faço apenas um ajuste aproximado do red dot. Somente o suficiente para que ele permita que quando eu utilizar a buscadora ótica eu já tenha o objeto dentro do campo.

O alinhamento da buscadora ótica é um pouco mais delicado.Primeiro se certifique de já ter um alinhamento polar pelo menos aproximado.O próximo procedimento essencial é que você alinhe sua buscadora de forma que o retículo dela fique paralelo ao horizonte. Assim a cruzeta da mira (“os eixos x e y”) será alinhada paralelamente e perpendicularmente ao horizonte. Gire ela no suporte até tudo estar alinhado. 

Isto tornará sua navegação pela navegadora imensamente mais fácil do que se a mira estiver desnivelada em relação ao horizonte.

Uma vez com o objeto centralizado na buscadora ótica você deve olhar pela a ocular. A sua maior ocular. Com sorte o objeto já estará em quadro. Caso contrario faça uma escaneada com os controles . Uma vez com o objeto localizado e o mais centralizado possível na sua ocular wide Field (20 mm ou maior) volte à buscadora e a alinhe com a ocular. Volte à ocular. Mais uma chegada no alinhamento. Tudo certo? Ok. Troque à ocular.

Em geral coloco a 10 mm e realinho com mais precisão a buscadora.

Depois disto eu ainda faço um ultimo ajuste utilizando uma 4 mm como ocular. Isto só é possível com um ponto fixo. Com uma estrela em geral eu paro os ajustes na 10mm.

A seguir retorno para o “red dot finder” e faço um ajuste fino.

Às vezes utilizo apenas uma buscadora ótica. 6x30mm. Com meu refrator. O processo é basicamente o mesmo. Você deve começar a busca com os dois olhos aberto com um “olho no peixe e o outro na frigideira e você acabará com seu ponto luminoso dentro do campo da buscadora.

Há quem só navegue utilizando o “red dot finder”. Eu não gosto. Em áreas onde há muita poluição luminosa não há estrelas suficientes disponíveis (sem algum auxilio ótico) para se navegar de forma precisa.

Nunca utilizei Telrads. Mas gostaria muito. Em locais escuros devem ser bem precisos...

Uma buscadora bem ajustada torna a navegação muito mais prazerosa e mais rápida. Você deve saber exatamente qual é o campo coberto por sua buscadora. Eu gosto de utilizar o Cruzeiro do Sul. Enquadre a constelação veja se você consegue englobar seu eixo mais longo dentro do diâmetro da ocular. A distancia entre Acrux e Gacrux é de   6  graus. Uma buscadora de 30mm tem cerca de 7º . Uma de 50mm tem um pouco mais de 5º .

Uma precisão de cerca de 8 ´ é possível (na ocular). Com 18` já esta dentro do aceitável.

Minha plossl 25mm tem pouco mais de 1º de true field.

Usando uma 4 mm eu tenho um campo real de 16´de arco. Então com bastante precisão é possível trabalhar com de cerca de +- 8´ de erro.´

É bem perto . 15´é a dimensão de M 28.

terça-feira, 15 de março de 2011

Os Segredos de Norma



    Norma é uma constelação Austral. Este post nasceu de um tópico que realizei no meio do ano passado no Cloudy Nights.
  Com as ilustres visita de Steve Coe e  Steve Gotlieb o tópico se tornou um excelente projeto observacional para o ainda distante inverno.

    Norma apresenta fracas estrelas . Mas se encontra encravada no meio da Via Láctea. Inclusive nomeia um de seus "braços". Seus campos estelares se comparam as "nuvens estelares" tão cantadas de Scutum.
A única razão de não serem mais famosas são sua posição tão austral. A Via Láctea quando observada do Hemisfério Norte parece "esmaecer" abaixo de escorpião . isto Não poderia ser mais equivocado.  Aqui vou mostrar os segredos de Norma.
    Vou apresentar algumas das "estrelas" da constelação. ( Não resisti ao trocadilho):

NGC 6067
    NGC 6067- É a nossa principal atração . Um Belíssimo aglomerado , altamente condensado. Mas além disso é emoldurado por um grandioso campo . Um dos mais belos aglomerados abertos do céu. Tivesse sua localização em uma constelação mais ao norte seria tão famoso quanto M 11.

    NGC 6087- Outro belo aglomerado aberto . Bastante brilhante (Mag. 5.4). Não é muito facíl de se localizar . Poucas estrelas por perto. Em céu escuros é possível perceber um brilho na região. Bem interessante.

     NGC 6167- Um aglomerado mais delicado. Bastante bonito . Na fronteira com a constelação de Ara.

     NGC 6134- Outra pequena jóia . Ainda mais "faint". Mag 7.2.

  NGC 6031- Um aglomerado aberto ainda mais desafiador. Bem pequeno. Ao norte de NGC 6067.   Mag.8.5

   Norma ( A Régua) é mergulhada na Via Láctea . Por isso tão rica em aglomerados abertos. Mas apresenta surpresas.
   
     Aglomerados globulares e Nebulosas planetárias. Nebulosas escuras e diversos outro objetos difíceis.

   Como apresentado por Gotlieb ( visite o site dele) no tópico do Cloudy Nights existem em Norma objetos mais difíceis e pouco visitados : Secrets of Norma

   Dos objetos apontados por nosso nobre convidado só visitei um . O Globular  NGC 5946. Brilhando com 9.5 Mag. é um globular apagado. Uma manchinha...

   Aguardo uma nova oportunidade este inverno para tentar  mais alguns deles. Me parecem alvos bastante complexos. 
   A maior parte das descrições foram realizadas em um telescopio  de 450mm.

   Outro link para Logs a respeito de segredos de Norma pode ser encontrados em:


   Como a cereja do bolo tente separar os componentes de Gama Norma . Uma facíl dupla a olho nu na qual ambos os componentes são também sistemas duplos. Gama 1 eu não separei...

sábado, 12 de março de 2011

Quais oculares comprar?

Oculares.
Você precisa delas!
Mas quais?

São diversos modelos e a diferença de preços é enorme. O astronomo amador vai juntando, com o tempo, uma grande coleção delas.  No final acaba usando apenas 2 ou 3 delas. Algumas oculares são muito especificas para um tipo de observação. Você realmente é um especialista nisto ou naquilo?
Eu particularmente gosto muito de observar deep sky. Mas também gosto de visitar os planetas. A lua também me faz boa companhia. Assim este artigo busca apresentar uma lista de "amplo espectro". Ou seja propõe uma serie de oculares que servirão bem a todos os gostos.

É importante ter em mente a distancia focal de seu telescópio para dimensionar suas oculares.

Telescópios ,em geral, vem acompanhados de pelo menos uma delas.

Atualmente costumam vir com uma Plossl de 25ou 20 mm.
 No passado e na compra de telescópios mais baratos eles costumam vir acompanhados de uma ou duas Kellner. Neste caso são oculares, em geral, inúteis.Normalmente virão duas : uma 20mm e uma 10 mm. A maior ainda servirá de algo . com maior eye relief ela servirá para observar objetos de céu profundo mais brilhantes. A 10mm será bem tosca com pouco eye relief e com um campo útil bem pequeno. Apresentará distorções e coma em quase todo campo ocular. Na parte central servirá para observações planetária.Com ressalvas.

Voltando as Plossl. Estas serão seu cavalo de batalha. Hoje em dia quase todas apresentam boa qualidade óptica . Mesmo as de origem chinesa . E na relação custo beneficio serão difíceis de serem batidas.

Dito isto quais são as oculares que você realmente necessita?
Um jogo mínimo a meu ver seria o seguinte:
Uma Plossl wide field de 25 à 30 mm ( que em geral acompanha o telescópio)
Uma Plossl medio formato . De 10 à 12 mm
Uma Plossl pequena . Para grandes aumentos. Basicamentepara observações planetárias. Algo por volta de 5 mm
Esta ultima pode ser substituída por uma ortoscópica de mesmo comprimento. Esta se destacará em observações planetárias.

Isto seria seu kit básico de sobrevivencia.

Na compra de uma ocular você deve se basear principalmente no nível de contraste que se precisa
obter (em função do tipo de objeto), no tamanho do campo que se deseja e no nível de ampliação de que se precisa.
 O eyerelieve também pode ser um quesito importante especialmente para quem usa óculos.

Outra aquisição útil seria uma Barlow . São baratas e muitas apresentam uma qualidade ao menos razoável. Isto dobraria sua oculares e permitiria você a trabalhar com um maior eye relief . Além de serem muito úteis para pratica de fotografia com web cams ( para imagens lunares e planetárias.)
Com dinheiro sobrando no bolso uma outra boa aquisição é uma ocular bem grande . tipo uma 40mm. São sensacionais para navegar em campos enormes e ter uma sensação de imersão enquanto "caminha" pelo céu. Naegler se o orçamento suportar.

Eu possuo as seguintes oculares:
Plossl : 4 , 10 , 17 , 25 mm e 40 mm
Ortoscópica: 5mm
Kellner: 20mm , 10mm

Na verdade possuo varias Kellner . Herança de velhos Tascos e outros cacarecos. Todas medíocres.
Pretendo adquirir ainda  (um dia) uma  Naegler da Tele Vue. Este um sonho de consumo.

É importante ressaltar que o tubo otico de um de meus telescópios é de 1200mm e o outro de 900mm.

As duas oculares que mais uso são definitivamente a 25mm para localizar os objetos de Deep Sky e a de 10mm para ampliar estes. Esta segunda ainda "apaga" mais a poluição de fundo e permite uma melhor visualização de detalhes .  Este set up é o mínimo necessário para observação. A 17 mm é um meio termo muito util e é a minha melhor ocular( em termos de qualidade). E a mais cara.  Comprei na Edmund Scientific.

Atualmente é dificil se bater o custo beneficio obtido pelas Plossl. 

São oculares simples e com excelnte qualidade. Marcas como GSO , Cintrax , Meade , Celestron são facilmente encontradas e apresentam qualidade muito semelhante.  Televue , Pentax e cia. serão ainda melhores. E mais caras.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Observando NGC 4755 - A Caixa de Jóias

Ngc 4755 é um dos mais belos aglomerados abertos.
Localiza-lo é bem facil. Foi o primeiro DSO que observei.
Ache beta Crux , a Mimosa, do lado leste do Cruzeiro. 4755 estará logo ao sul e é facilmente percebido por uma buscadora 6X30 ou maior. Mesmo em regiões de forte poluição luminosa.
Ele tambem será percebido como um pequeno enevoado triangular em binóculos 10x50mm.
Pequenos telescópios resolverão suas estrelas mais brilhantes . Bem como a coloração das mesmas.
Foi catalogado pela primeira vez por Lacaille entre 1751-52.
Seu apelido foi dado por John Herschel (o filho) que se encantou com seu colorido.
É considerado um dos aglomerados mais jovens da Galáxia com cerca de 7.1 milhões de anos.
Suas três estrelas mais brilhantes são gigantes azuis com magnitude 5.75 e tipo espectral  B9 , Mag.5.94 e tipo B3 e 6.8 e B2. A quarta mais brilhante é uma supergigante vermelha com mag.7.58.
A magnitude do aglomerado é de 4.2 e ele se encontra a cerca de 7.6 mil de anos luz.
Um eterno favorito.

terça-feira, 8 de março de 2011

O Reino das Galáxias

Como não poderia deixar de ser este mês o Nuncius Australis  vai apresentar um projeto para se observar o Aglomerado de Virgem. Vem aí o outono e com isto  é tempo de olhar para longe.

O Aglomerado de Virgem é uma coleção de galáxias  e possui 15 objetos Messier.
E é um dos pedaços do céu mais dificeis de serem navegados pelo astrónomo amador. São centenas de galáxias e de "faint fuzzies"  . Não apresenta muitas estrelas e as vezes você esta navegando de um galáxia ténue para outra galáxia mais ténue ainda.  É fácil estar olhando sabe -se lá o que.
A área é englobada por um circulo de 15o de diâmetro . Apesar do nome o aglomerado se espalha pelas constelações de Coma Berenice e também Leão.
Além dos objetos Messier o Aglomerado apresenta mais diversos objetos ao alcance de telescópios amadores. Atá mesmo alguns alvos binoculares.
Para se passear pelo Aglomerado um local com céu bem escuro é o ideal. Em áreas com mais poluição luminosa  você terá de se contentar com os objetos mais brilhantes. E pouco ou nenhum detalhe.
Há Duas formas de se navegar o aglomerado. Uma é proposta na Revista Astronomy deste mês( Março 2011). Na matéria de Tom Polakis é proposto que se ataque o aglomerado a partir de seu coração. Você iniciaria localizando M84 e M86 . Ambas no limite oeste  da Corrente de Markarian. Na mesma região você vai poder ver NGC 4388. Ao longo da corrente existem oito galáxias relacionadas gravitacionalmente. Ngc 4477 é outra galáxia que você poderá ver.

O Nuncius vai apresentar um outro "approach" para  tratar o Aglomerado. O sistema se inspira no tratamento proposto por Phill harrigton em seu Livro StarWatch.
O instrumento ideal para se explorar a região é , evidentemente , o maior telescópio que você possuir.
Os objetos aqui apresentados são visiveis para telescópios refratores com mais de 80mm.
O nosso ataque pode ser dividido em duas campanhas; A campanha do Oeste se inicia partindo de Denebola  (Beta Leonis) .
A partir de dela salte cerca de 7o para leste e procure um pequeno asterismo em forma de triangulo formado por 4 estrelas . Ou ainda uma diamante .São estrelas fracas.  6 Coma esta entre elas. Aí você esta por perto de M 98 , M99,M 100 e M85. Olhe o mapa , use um programa etc.. O reino das galáxias demanda paciência e alguma experiência. Olhos experientes talvez revelem alguma estrutura em M99 com telescópios com mais de 150mm .  Dificilmente você vai perceber qualquer coisa pela buscadora. Use sua maior ocular para localizar.
A campanha do Leste é mais longa. E agora você vai realmente entender o que o quis dizer de "galáxia ténue em galáxia tenue'.
Partindo de Vindemiatrix (Epsilon Virgo) localize Rho (4.8 mag) . Próximo ao meio do caminho  um pouco ao norte há Ngc 4762 . Magnitude de 10. 2 é uma das galáxias mais brilhantes do reino  ( além das Messier).
Uma vez em Rho sigo um arco de estrelas entre 5 e 6 mag. em direção ao sul chegue até M49. É a galáxia mais brilhante deste aglomerado. É também uma das maiores . Cobre cerca de 150.000 anos luz. Mais ao sul ainda você vai encontrar M61. Esta apresenta baixo brilho de superfície. Alvo difícil.
Agora volte para Rho e vamos rumo norte. Sempre usando sua maior ocular ( eu uso uma 25mm).
Agora vamos de uma em uma. Começamos em M60 e M59. Provavelmente você vai conseguir espremer as duas em uma ocular. M59 é bem visível. M60 mais ainda. Depois M58. Siga uma curva imaginaria entre M59 e M58 e ache M89. M89 vai ser dureza para telescópios menores em áreas suburbanas( menores que 100mm). M90 vai aparecer na mesma ocular (25mm).  Siga o arco que você esta seguindo e chegue a M91.
Agora volte para M89 e siga rumo oeste e localize M87. Esta é fácil mesmo com um Binóculo.Uma galáxia enorme.
Ficam faltando M84 e 86. Formam um par...

O Aglomerado de Coma-Virgem se encontra a cerca de 60.000.000 de anos . É o maior aglomerado galáctico próximo ao Grupo Local.



Além dos objetos Messier apontados aqui há outros objetos interessantes viáveis para telescópios de tamanho médio. ( 150 a 200mm).
Uma lista interessante deveria incluir ainda ;
Ngc 4567 e 4568 ( As irmãs siamesas)
Ngc 4302 4298 podes ser espremidas em uma ocular. Ngc 4216 estará ao alcance até de pequenos telescópios.
por fim um desafio interessante para quem possuir telescópio grande:
PGC 40598 . Com magnitude 16.5 não há registros de observação amadora desta galáxia. (segundo Polakis). Ela é a galáxia conhecida com maior desvio para o azul conhecida. ela estaria se aproximando de nós mais rapidamente que a expansão cosmológica...

terça-feira, 1 de março de 2011

Catlogo J.E.S.S. - O cinturão de Júpiter

O Cinturão Perdido de Jupiter.




Finalmente chegaram de volta a minha pessoa os manuscritos mais antigos dos deixados por Silvano e Silva e José Eustaquio.

São centenas de paginas. Estou destrinchando o material. Pode parecer fácil. Mesmo depois do trabalho de recuperação a que foram submetidos o termo “recuperados” é bastante otimista. As caligrafias são péssimas e a organização dos dois senhores surpreende até mesmo ao autor. Ele mesmo um prodígio da baderna.

De qualquer forma os primeiros anos de Silvano e Silva no Brasil deixaram um grande legado. Escrevia muito.

Manteve durante os primeiros anos anotações detalhadas sobre diversos planetas. Especialmente Júpiter e Saturno.

Ele acreditava que um dos maiores momentos da humanidade se dera quando Galileu apontou seu telescópio para o deus Júpiter e viu apenas um planeta cercado por quatro luas. E mudou o mundo.

O planeta é conhecido desde a antiguidade. Um dos astros mais brilhantes de todo o céu. Só é subjugado pela Lua e por Venus. É um gigante muito mais distante que estes pequenos mundos.

Galileu batizou as luas com o nome de Stella Mediceana. Fazendo assim boa política com seu patrono. Silvano Silva ainda se refere a elas assim.

São conhecidas hoje por Io, Europa, Ganimedes e Calisto.

Ganimedes nos dá bem a escala. Ela é maior que o planeta Mercúrio.

Nosso padre pagão também o chamava de Marduk. E adorava ser jovial. Dizia ele que porque jovial vinha de Joviano. E Este era o adjetivo para Júpiter.

Matava a lingüística e mostrava o pau. Nosso querido padre sofria por não poder crer em Deus. Então o chamava de um deus pagão e se vingava dele mesmo.

O conhecimento sobre a real estrutura Jupteriana era ainda um grande mistério e Dom João buscava a verdade. Um dos escritos mais interessantes que achei foram relativos a eventos na atmosfera de Júpiter.

Como sabemos Silvano e Silva foi se tornando cada vez mais desregrado ao longo dos anos. Os escritos que me chegaram às mãos agora é o melhor de sua produção. Ele mantinha ainda um diário e datas. Por isto este evento astronômico foi bem registrado.

Na noite de 1 de março de 1764 Júpiter dominava o horizonte Noroeste . Segundo Dom João:

“... Marduk se mostra glorioso. Emoldurado por Aldebarã. Faz escolta para as Hyades e as Plêiades. Em sua vizinhança se esconde um dos encantos que José me mostrou a algumas noites. (Provavelmente ele refere-se ao aglomerado aberto NGC 1647.) Aponto o telescópio em sua direção a 34º na direção Noroeste. E me surpreendo. A minha tão cara estrutura de cinturões esta desfigurada. Algo aconteceu ao cinturão sul. Ele simplesmente sumiu. Não posso afirmar exatamente quando. Minha ultima observação do Planeta foi a cerca de 20 dias. O clima tem estado deveras chuvoso.”.



Dom João então acompanhou todo um processo . Primeiramente ele achou que nunca mais veria o cinturão. Mas a evolução da coisa foi menos cruel. Aos poucos ele foi se refazendo. E Dom João descreve um ciclo que na época era desconhecido.

Naqueles tempos a dinâmica atmosférica deste gigante gasoso ainda era desconhecida e o fenômeno pareceu quase como mágico para Dom João e posteriormente José.

Segundo o texto de Dom João nosso amigo José Eustaquio do Nascimento e Islas novamente se mostra a frente de seu tempo. Ainda que errado ele acerta. Ele diz que os planetas são como a terra. Aquilo era apenas uma mudança climática.



Hoje sabemos que júpiter é um planeta gigantesco. Composto quase que exclusivamente de hidrogênio e Helio. Assim se assemelhando a uma estrela. Caso fosse maior sua massa teria tornado a pressão e a temperatura em seu núcleo tão alta que este seria uma estrela de fato.

Júpiter apresenta padrões climáticos bem estáveis. Sua grande mancha vermelha é uma estrutura conhecida há séculos e apesar de mudanças sempre se manteve. É uma imensa tempestade que dura mais de 400 anos. Assim o desaparecimento de um de seus cinturões equatoriais é um fato digno de nota.

Recentemente isto aconteceu novamente (maio de 2010) e a registros de desaparecimento também em 1991 e em 1973.

Mas em 1764 nunca havia sido registrado tal fenômeno. Isto torna a observação de José Eustaquio marcante. O Ciclo que ocorreu ainda é um mistério. Pois foi muito mais rápido que qualquer um já registrado. E não há registros europeus para tal fato.

Hoje sabemos que Júpiter possui 2.5 vezes a massa de todos os outros planetas do sistema solar juntos. Isto é tão massivo que o baricentro do sistema Jupiter-Sol esta acima do disco solar. Há 1.68 rad. do centro do Sol.

Sua estrutura interna ainda é incerta. Supõe-se que seu núcleo seja composto de uma mistura de elementos. Cercado por uma camada se hidrogênio metálico e algum Hélio e uma camada de hidrogênio molecular embalando tudo isto.

Sua atmosfera é a maior do sistema solar com mais de 5000 km de espessura. Júpiter não possui uma superfície sólida e então a base de sua atmosfera é considerado um ponto onde a pressão atinge 10 bares (10 vezes a pressão na superfície da Terra).

Sua camada de nuvens, que é responsável pelo fenômeno aqui descrito, é composta basicamente de cristais de amônia e de hridrosulfito de amônia. Elas se localizam na tropopausa do planeta e se organizam em diferentes cinturões. Com diferentes cores. E em diferentes Latitudes. Formando assim padrões como os que vemos. É possível que haja uma fina camada de nuvens de vapor d’água abaixo destas. Isto explicaria a presença de raios e outros fenômenos eletromagnéticos observados em Júpiter. A água é uma molécula “polar”. Ou seja, apresenta carga. E a separação destas leva a esses fenômenos.

Hoje sabemos que o desaparecimento deste cinturão se deve a intensa atividade ciclonica na atmosfera. Isto faz com que Nuvens claras que em geral se encontram mais baixas “cubram” as nuvens mais escuras que habitam o cinturão. O que dispara isto ainda é um mistério para os astrônomos.

Isto não era problema para José que atribuía isto a exatamente o que acontecia. Um fato comum a dinâmica atmosférica do planeta. Ele mesmo já havia visto isto e não se impressionou com o fenômeno. Aquilo chocou Silvano Silva e segundo entendo causou acaloradas discussões entre ambos.

Acompanhando as próximas observações o fenômeno teve uma duração muito curta. Entre os meus alfarrábios as descrições de Júpiter voltaram à normal imediatamente. Segundo as datas o fenômeno não passou de dois meses de duração. Ou seja, o cinturão se restabeleceu em um período muito menor que o recente evento em 2010.

Minhas próprias observações demonstram que o cinturão sumiu por volta do começo de maio2010 e ainda estava se restabelecendo no final de fevereiro de 2011. Segundo outros registros o ciclo dura cerca de um ano.

Silvano Silva pode ser considerado o descobridor deste fenômeno. Ou se acreditando em José Eustaquio este seria o descobridor. De qualquer forma Dom João é o primeiro a registrar isto.

Desaparecimento registrado durante 2010/2011 Sul para cima