Translate

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Paris e Astronomia




O Nuncius Australis vai apresentar uma série devotada a astronomia contando sua estada na França. Apesar do céu ser boreal ele não pretende trair seus objetivos originais (talvez um pouco...).

E nada melhor para iniciar este projeto que apresentar um passeio que vai unir História e Astronomia enquanto se passeia pelas ruas da Cidade Luz: Paris.

Foi aqui que Messier realizou as observações do que pode ser considerada uma das bíblias da astronomia amadora. O Catalogo Messier foi desenvolvido a partir das observações realizadas pelo caçador de cometas a partir do Observatório de Cluny. Não consigo imaginar um lugar melhor para começar o meu passeio astronômico pelas ruas de Paris.

Cluny nos tempos de Messier
Com minha base no Arrondissement 5 ( Rue Monge) , no coração do Quartier Latin, a chegada ao antigo observatório é quase instintiva. Caminhe em direção a estação Sorbonne- Cluny e você vai ver logo a antiga construção. Hoje abriga o Museu da Idade Média e é um dos últimos vestígios medievais no centro de Paris. Seu endereço atual é 24, Rue de Sommerard. De frente para a Academia Francesa. O Hotel de Cluny foi transformado em observatório por Delisle em 1748 e Messier realizou a maior parte de sua carreira utilizando suas instalações. De 1750 até 1817. Pouco antes de sua morte. O Hotel de Cluny, como era chamado na época foi construído sobre fundações de uma termas romana que data do século IV. A cúpula no topo da torre foi retirada no inicio do século XIX.

Cluny hoje em dia

Atualmente responde pelo pomposo nome de “Musée National Du Moyen Ages, des Thermes et de l'Hôtel de Cluny”. Apresenta ainda um lindo relógio solar na base da torre que sustentou a antiga cúpula. Visite o site: www.musee-moyenage.fr

Agora após uma longa caminhada vamos visitar uma das mais nobres famílias da astronomia. E que por isso quase perderam a cabeça na revolução francesa. A história do Observatório de Paris é entrelaçada com a da família Cassini. Na verdade o Observatório foi dirigido pela família, que chegou a habitar o local, durante seus primeiros 125 anos.
Observatorio de Paris

Em 1666, Luis XIV e Jean-Baptiste Colbert fundaram a Academia Real de Ciências (Académie Royale des Sciences). Logo em seguida, em 22 de setembro de 1666, foi decidida a criação do observatório real, que mais tarde se tornaria o observatório de Paris. Ele deveria servir de lugar de reunião e de realização de experimentos científicos para todos os acadêmicos.



Em 21 de junho de 1667 (dia do solstício de verão), os matemáticos da Academia traçaram sobre o terreno, no lugar da contrução atual, o meridiano e outras direções necessárias para a implantação exata do edifício concebido pelo arquiteto e médico Claude Perrault (irmão de Charles Perrault, secretário de Colbert). O plano mediano do observatório definiria a partir de então, o meridiano de Paris A Linha então traçada hoje habita o “ Salão Cassini".
Salão Cassini

Em 1669, Colbert chamou Jean-Dominique Cassini ( Cassini I) para dirigir o observatório .Seu ultimo herdeiro foi Jean Dominique ( Cassini IV) , Conde de Cassini abandonou o osso em 1793. Ele era monarquista.

Visite em: http://www.obspm.fr/



É seguindo esta linha que vamos cruzar os Jardins de Luxemburgo após passar pelo senado e seu belíssimo palácio (o parque é sensacional) você vai chegar a uma das igrejas mais belas que já conheci.

St. Sulpice e a Linha Rosa

St. Sulpice. Esta tem também marcada no chão o Meridiano. Estamos caminhando por sobre a famosa linha rosa que é conhecida de todos devido a Dan Brown e seu Best seller “O Código Da Vinci”. E desnecessário dizer que a igreja é deslumbrante. E em minha opinião mais charmosa que as outras componentes da Trindade parisiense (Sacre Coeur e Notre Dame).

Agora abandonando a História vamos falar de outra história.

Após passar pelo Louvre (procure pelos marcos que indicam o meridiano) você não deve deixar de passear por um dos templos do consumo: a Rue Rivoli. Em meio as mais famosas marcas do mundo habita uma loja que não existe nada semelhante no Brasil. La Maison de L´Astronomie. De um lado só “Jumelles” (Binóculos) e do outro, Telescópios. Apesar do euro é muito mais barato que no Brasil e a diversidade é imensa. . Quando penso na Astroshop e no Armazém me bate certa amargura. Seguindo pelo Rivoli tem o Hotel de Ville. Bom para as crianças.

Consumo...

Vou falar dela de novo no post sobre o Vanguard 10x50 que comprei lá...

http://www.maison-astronomie.com/

Agora já bem próximo a onde tudo começou, na Rue dês Ecoles, existe outra lojinha que é mais conhecida por seus produtos devotados a montanhismo. Espalhada pela região “Au Vieux Campeur” tem, no numero 28, uma de suas lojas dedicada a binóculos. Lá vi vários sonhos de consumo. Infelizmente não dava para comer e comprar os brinquedos. Mas só para dar água na boca eu apresento dois dos brinquedos que estavam na Janela. Um Kepler e um Vixen. Grandes...
Sonho de Consumo... Au Vieux campeur

Perto dali ainda achei uma pequena luneta que me lembrou Lacaille. Vou falar disso em outro post.

A Luneta de Lacaille

Depois caminho mais um pouco e vejo outra cúpula. Mais um observatório escondido perto da Sorbonne. Via vários passeando pela cidade.
Mais um... Perto de Cluny.


A cidade transpira ciência.

E de noite Paris  apresentou   que apesar do nome de Cidade Luz é mais escura que o Leblon...
Orion mostra a sua cara.


Da varanda do hotel : 15 seg 75-300  mm F4 e M42 mostra sua cara... ( em 75mm)


2 comentários:

  1. Bem que no stellarium eu tinha visto que Orion em Paris era de cabeça para baixo, claro por causa da localização, mas fica bem engraçado, parabéns, deve ser um ótimo passeio!

    ResponderExcluir