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quinta-feira, 16 de abril de 2015

Me Digas por Onde Andas e Te Direi Circumpolar

         

                 

                   Astronomia é  cheia de facetas. Mesmo quase sem observar você pode pratica la. Na verdade nestes momentos você as vezes tem insights bastante interessantes sobre as razões que elevaram a astronomia a ser uma das  mais nobres das ciências. Ela faz parte de um dos maiores corpos do saber humano. É fundamental para a compreensão e explicação da natureza.A raison d´être da ciência.
                Como passei o mês me concentrando na organização do material que já possuo para o projeto que venho desenvolvendo há anos sobre o Catalaogo Lacaille passei muito tempo junto ao computador e pesquisando na web.    
                Durante os trabalhos acabei por "descobrir" um DSO de existência duvidável. E neste processo acabei passeando por partes do corpo da astronomia que normalmente passam ao largo aqui no Nuncius Australis. Devido a descoberta de um aglomerado que não apresentava parâmetros nem dados em lugar nenhum eu acabei por passear pela geometria , trigonometria, cosmologia e o conhecimento inútil que nem um mochileiro. Sem lenço e nem documento....
'               Mas desta forma acabei chegando a conclusões que me eram ha muito sabidas e sabida ainda ha mais tempo por astrônomos ao longo da história e pelo mundo todo. Mas como quase tudo que se aprende de uma forma orgânica tem gosto de descoberta fiquei muito feliz em poder escrever este post sobre Constelações circumpolares.
                Constelações circumpolares  serão aquelas que permanecerem acima do horizonte durante todo o dia sideral. Ou seja aquelas que nunca irão se por abaixo do horizonte. 
                Desta forma me ocorreu que eu não sabia quais eram as constelações circumpolares na minha cidade. Uma vergonha.
                Como já falei este mês a astronomia não aconteceu no céu. E dependurado no computador como foi o mês eu rapidamente recorri ao Stellarium e acelerando o tempo descobri que a questão era facil . Mas o diabo esta nos detalhes.  E assim definir parâmetros . Quais seriam as constelações circumpolares  se eu considerar apenas as estrelas principais destas ? E se eu fosse obrigado a considerar todas as estrelas que se encontrem dentro das fronteiras estabelecidas  pela IAU? 
                Agora precisei adentrar o Cartes du Ciel e verificar as estrelas mais ao norte de cada uma das constelações que haviam sido deduradas pelo Stellarium .
                Uma surpresa . São as mesmas. E uma decepção . E u achava que seriam mais ,
                No Rio de Janeiro são circumpolares apenas  Octante , Ave do Paraíso, Camaleão e Mesa. E Mosca e Volans ( peixe voador) batendo na trave.
                Já estava com a mão na massa e resolvi passear um pouco pelo mundo .Em Florianopolis as coisa não mudam muito . Mosca e Volans são circumpolares e Compasso bate na trave. Finalmente vou até Ushuaia . A cidade mais ao sul do mundo ( pelo menos se você não perguntar para um chileno...) . E lá a coisa fica mais divertida . Quase toda a finada constelação de Argos e mais varias outras estarão sempre no céu  ainda que no verão o sol esteja presente a maior parte do tempo e no inverno seja um frio de rachar.
                Só como curiosidade em Manaus não ha nenhuma constelação circumpolar.
             Depois de tanto olhar para o computador tive uma luz que muitos tiveram muito antes de mim . Para você saber se uma constelação ou uma estrela é circumpolar existe um método bastante fácil. Se você estiver ao sul do equador basta você aplicar a seguinte formula (L-90). L é a latitude do local onde você se encontra. Assim sendo imagine que o Rio de Janeiro se encontra a 23o. Logo  23-90 = -67.  E como as latitudes são negativas no Rio de Janeiro (sou muito bairrista...) todas as constelações que possuírem sua estrela mais ao norte com DEC maior que -67o serão circumpolares.                Como a atmosfera nos prega peças até um pouco menos será possível Mas aí já outra historia.          A Matemática este mês foi toda mais para Mandrake do que para Gauss mas me levou a descobrir o tamanho das coisa e o que eu sempre vejo ...
                Fiquei todo contente e ainda me lembrei do Feyman: 

               "- Cala a boca e faz a conta."

                

quarta-feira, 8 de abril de 2015

O Tamanho das Coisas

       


         Quando observamos pequenas nebulosas junto a ocular de nosso telescópio não podemos sequer imaginar a imensidão de espaço que é abarcada por aquele pequeno esfuminho.
            Da mesma forma que quando resolvemos um aglomerado aberto não realizamos plenamente quão iluminado seria o céu de uma planeta que porventura orbitasse uma daquelas estrelas.
            Recentemente "descobri" um aglomerado aberto que "não existia". Depois de muitas reviravoltas cheguei a prova da existência do mesmo. Um desafio lógico. Só que apesar de ter substanciado a existência de Ngc 5269 eu não descobri nada a seu respeito. Tornou-se um aglomerado sem parâmetros físicos. Através da analise fotográfica do meio e de uma matemática mais para Mandrake do que para Gauss eu cheguei até alguns valores que ainda que suspeitos nos davam um retrato da paisagem.
            Posto tudo isto como podemos determinar o tamanho das coisas que observamos a partir de imagens com apenas alguns minutos ou mesmo segundos de arco e no limite da capacidade de nossos telescópios?
            Até encontrar Ngc 5269 eu geralmente obtinha dados como o tamanho físico e a distancia do DSO que estou observando através de programas planetários , na minha biblioteca ou em bancos de dados espalhados pela web.
            Claro que há um método matemático para o mesmo. E na descoberta deste descobri que muitas vezes o que descobrimos é muita vezes um chute educado...
            Sou um jovem homem velho e assim ainda possuo muitos livros. Em geral confio mais nestes que em fontes virtuais. E assim localizei  uma interessante passagem e uma formula ainda mais legal folheando o meu "The Messier Objects" da série Deep Sky Companions e de autoria de meu ídolo Stephen James O´Meara . Um livro fundamental e prefaciado pelo "Messier moderno" David Levy.
            Ele nos diz  em um trecho do 3 capitulo ( The Making of this Book)  que os astrônomos continuam discutindo a distancia das galaxias no Aglomerado de Virgem. Estimativas conservadoras  variam entre  varam entre 49 e 72 milhões de anos.  Existe um catalogo  ( que apesar de já um pouco datado continua sendo um modelo...) chamado Nearby Galaxies Catalog , deR. Brent Tully  que assume uma constante de Hubble de 75 Km /seg/ Megaparsec ( não se desesperem pois a formula que chegaremos implica que você apenas saiba multiplicar...)   e que uma galaxia é desviada  por 300 Km/seg da expansão universal pela massa do aglomerado de Virgem. Tully chega a uma distancia de 55 milhões de anos luz para o centro deste...
            Desta forma o diâmetro físico de uma galaxia pode ser determinado usando´se a singela formula:
            diâmetro (em anos luz) = 0.292xDXR
            Onde D é o diâmetro aparente da galaxia em minutos de arco e R é a distancia do objeto em mega parsecs .

            Quando queremos tratar de outros DSO´s galácticos a formula muda. Na verdade a constante muda. E aí temos:
            diâmetro=0,000292XDXR
            Aqui D continua sendo o diâmetro aparente em minutos de arco mas R é a distancia em anos luz.

               Para chegar até Ngc 5269 eu fiz um treino com seu aglomerado padrinho  (Ngc 5281) e utilizei de  handicap antes de fazer meu chute nem tão educado com o aglomerado que não existia. 
            Ngc 5281 é um de meus aglomerados abertos favoritos . Me lembra o Gato de Cheshire   e sempre quis conhecer o Pais das Maravilhas. Em um estudo recente sobre o mesmo para meu projeto sobre o Catalogo Lacaille descobri que o mesmo possui informações conflitantes sobre seu tamanho.  . Enquanto pagina da SEDS diz este possuir apenas 5´de minutos de arco o Stellarium apresenta 14´e O´Meara diz 9`. Inclino-me a concordar com a ultima. Botando mais lenha na fogueira eu diria que este se espalha por 7´de arco.
            Como existem muitos métodos para se determinar a distancia de estrelas e assumindo que HD 11 9002 é um membro real do aglomerado e confiando mais ainda no Banco de dados da WEBDA resolvi tirar a limpo a questão. Determinar onde acaba um aglomerado aberto e começam estrelas que estão apenas contaminado o campo po de ser bem complicado. Mas levando-se em conta a fonte que é a minha favorita e da torcida do Fogão ( "Star Clusters" Wilmman- Bell 2000)   e o banco de dados da WEBDA sabemos que Ngc 5821 se encontra a 4200 anos luz de nós e suas estrelas se espalham por ~10 anos luz de espaço...
            Começaremos pelo perdulário  Stellarium. -
            Diâmetro = 0,000292 x 14 x 4200
            E assim Ngc deveria se espalhar por 17,1 anos luz. Ou estar bem mais perto do que a fotometria de diversas estrelas realizadas em um trabalho feito por Stanner indica...
            Agora a pão dura SEDS:
            Diâmetro =0,000292 x 5 x 4200
            E chegamos a 6,1 anos luz... Mais realista  meu ver mas ainda longe da pesquisa.
            Agora meu Idolo Stephen James O´Meara em seu "Southern Gems"...
            Diâmetro= 0,000292 x 9 x4200
            11,03. Chegando bem perto.
            E finalmente o vinho da casa...
            Diâmetro= 0,000292 x 7 x 4200
            8,6 anos luz.  
            Se a distancia entre nós e o centro do Aglomerado de Virgem pode variar   23 milhões de anos o diâmetro real de Ngc 5821 varia apenas uns poucos anos luz. Mas eu defendo que ele tem 7 arc min no meu telescópio. E  se espalha por modestos 8,6  de anos luz. O céu de um imaginário planeta ao redor de uma estrela em seu centro ia ter um céu cheio de estrelas bem brilhantes.

            O tamanho das coisas e as contas do tamanho...

terça-feira, 7 de abril de 2015

Ngc 5269 - Tudo que Existe...

           
 


            Me dedicando em organizar todo o material para finalmente começar a me dedicar com o máximo de seriedade que me permite a vida  na elaboração de meu livro a respeito do Catalogo Lacaille acabei me deparando com o improvável. Um aglomerado que existe apesar de diversas fontes negarem a este substância ou existência.  
          


             Um dos axiomas de Espinosa( um de meus filósofos favoritos. O outro é Kant . E por fim Hume para nos lembrar que a filosofia é tão útil para ciência como a ornitologia é para os pássaros...) no diz que algo para existir precisa apresentar substância. Ou vice versa. Ou as duas coisas ao mesmo tempo. A navegação por  "Campos Espinozos" é bastante espinhosa.  De qualquer forma o axioma ( 1o na Ética...) nos diz:   “Tudo o que existe, existe em si ou noutra coisa”.
            Na Ética, Espinosa define substância como aquilo “que existe em si e por si é concebido, isto é, aquilo cujo conceito não carece do conceito de outra coisa do qual deva ser formado”. A substância é pois o que ele chama de causa sui, pois explica-se por si mesma e não por referência a alguma causa externa. A definição implica pois, que a substância seja completamente dependente de si mesma, quer para a sua existência quer para os seus atributos e modificações. Dizer tal coisa é afirmar que a sua essência compreende a sua existência. “Por causa de si entendo aquilo cuja essência envolve a existência; ou por outras palavras, aquilo cuja natureza não pode ser concebida senão como existente”
            E assim Ngc 5269 acabou por ser substanciado. Ou não.




            Preparando o texto sobre Ngc 5281 para o livro já citado fiz uma visita ao Astrometry. net para descobrir qual seria a Estrela "Blue Stragller" que habita o "Aglomerado de Cheshire" Este site realiza um interessante serviço e permite identificar com certeza quem é quem em suas fotografias ( pelo menos na maior parte das vezes). Curiosamente no mesmo campo  o astrometry indica habitar um discretíssimo aglomerado aberto. A entrada 5269 no New general Catalog.  conheço bem a região logo abaixo de Alfa e Beta Centauro e curiosamente nunca tinha notado a pequena aglomeração logo abaixo de 5281. Pela foto realmente noto a possibilidade de aquele ajuntamento ser um pequeno aglomerado galáctico. Mas poderia perfeitamente ser um asterismo. É uma região bastante povoada da galaxia e definitivamente meu alarme para DSO´s não disparou .
            De qualquer forma resolvo aprofundar as investigações e rapidamente descubro que Sulentick e Tifft em seu mega trabalho de revisão do NGC apresentam Ngc 5269 como um dos objetos não existentes no catalogo. Existem muitos assim... Ou melhor não existem...
            Em rápida e infantil tentativa de confirmação abro o Stellarium e mando este procurar pela assombração. Assombrações não existe e o Stellarium não encontra o aglomerado. 
            Perante isto resta aprofundar as pesquisas. Na web isto não chega a ser difícil. Mas provar que algo existe utilizando o mundo virtual é , no minimo, metodologicamente suspeito...
            Mas algumas fontes confiáveis emprestam substancia a existência de Ngc 5269.
          O banco de dados do DOCdb ( Deep Sky´s Observer Companion database) apresenta algumas informações sobre o mesmo. Trata-se de uma descoberta de John Herschel em sua temporada no cabo da boa esperança no séc XVII. Ele registra  a descoberta assim: Aglomerado de classe VII. Pobre , desagregado e com forma irregular enche o campo; estrelas de 12a magnitude. Em uma segunda observação ele descreve:" Interessante e rico grupo na via láctea ou melhor um grupo externo de um grupo muito mais interessante que o segue ( Ngc 5821?)
          Isto empresta mais credibilidade ao achado feito pelo astrometry. Mas o GN ( General Catalog) organizado por Herschel  é o pai do Ngc e assim fica uma certa duvida pairando no ar. Em uma outra fonte encontro uma foto que bate com  que observo e corrobora os dados do DOCDb. E ainda nos diz que Herschel observou o aglomerado pela primeira vez em 1835 com um telescópio refletor de 18,7 polegadas de diâmetro.
          Mas em todos faltam informações fundamentais para a confirmação de que aquelas estrelas realmente empresta substancia a um aglomerado. Afinal as estrelas existem mas o aglomerado só existirá em si mesmo se esta tiveram velocidade e direções e distancias semelhantes... E isto eu não achei em lugar nenhum.

          Depois de retrabalhar a foto e realizar uma nova visita ao astrometry Ngc 5269 começa a respirar ( por aparelhos) e quem sabe existir. Algumas das estrelas do catalogo Thyco que se apresentam na listagem tem distancias semelhantes.

          Para fazer um tira teima vou em busca do aglomerado no Cartes du Ciel. E voilá. Ele esta na database deste.  Dreyer apresenta sua tipica descrição : Cl  (Aglomerado) ,P (pobre), L ( frouxo) . 12a * ( estrelas de 12a magnitude) .
          Finalmente este aparece como uma pequena referencia no Livro de Hartung Frommer em sua apresentação sore Ngc 5281. 
          Ngc 5269 parece ser uma dama de companhia do Aglomerado de Cheshire. 



            O Aglomerado não apresenta nenhum estudo significa tivo e seus parâmetros como magnitude aparente e distancia não existem em nenhum lugar. Simbad , Hyperleda , NED e cia ltda foram consultados. Em um ato de desespero instalei o catalogo Tycho (1 e 2) no Skychart e tendo "confirmado" que TYC 9008 862-1 é o membro mais brilhante do aglomerado com magnitude de 11.62 e os outros "membros" mais brilhantes sendo TYC 9008 -373-1 com 12.10 seguida de TYC 9008 -2370-1 com magnitude de 12,13  e refazendo um paralelo com as imagens obtidas do aglomerado e de seu padrinho 5281 bem como o diâmetro aparente dos mesmos e a  da cor daqueles que parecem ser  membros  concluo que Ngc 5269 se possui uma magnitude aparente entre 8.5 e 9.0. Sua idade talvez seja um pouco inferior a de Ngc 5821 (40.000.000 de anos) devido a magnitude azul mias intensa de seus membros mas é um palpite sem nenhuma substancia... Quanto a sua distancia eu diria encontrar´se mais distante que seu padrinho ( este a 4.200 anos luz). Devido a um numero talvez semelhante de membros ( segundo a foto 2) e cobrindo uma area muito menor. Ainda sem nenhuma substancia diria algo ao redor de 6000 anos luz +- 1000.  . Estando ele a 6.000 anos luz suas estrelas se espalhariam por 5.2 anos Luz,  Isto me leva a creer que 7000 anos é um palpite bom... Neste caso Sua extensão real cobriria 6.1 anos luz.

Ngc 5281 esta ao centro com Ngc 5269  a esquerda e acima...



            Mas  o aglomerado  existe e tem substancia.  E é definitivamente mais fácil de ser Observado do que a "Galaxia de Espinosa"  ( MCG 06-03-015). E esta ,apesar de quase invisível, existe e tem muita matéria para substancia-la. E a família celeste de Espinosa cresce. E assim  diversos DSO´s  passam pelo crivo deste antigo filosofo para existir. Assim como Deus. E quanto a este a prova é bem mais difícil de ser substanciada . E seria capaz de apostar que Baruch apostaria mais na existência deste que na de universos ilhas e aglomerados abertos.Mesmo tendo nascido depois de Galileu.  Filósofos... 
E nesta foto temos ele no centro e abaixo de seu padrinho.

          Ngc 5269  existe em si noutra coisa. Na verdade  em muitas outras "cousas":  CMOS, retinas , oculares e afins...
             Mas o mais divertido mesmo é achar um erro no RNGC.( Revised New general Catalog)  Afinal o objetivo desta era corrigir os erros ( que não são poucos ) no NGC. A Missão continua. Agora espero que alguém ache os meus erros nos parametros sobre Ngc 5269.E finalmente este possa fazer sua prova de identidade e ser provado vivo na burocracia astronômica...