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sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Ngc 6940: O Aglomerado de Mothra



          O habito de dar nome a DSO´s é um ato lúdico e que nos aproxima de objetos que na verdade habitam uma escala que de outra forma seria inimaginável para simples criaturas baseadas no carbono como nós . A grandiosidade das estruturas cósmicas que o astrônomo amador visualiza em seu telescópio são enganosamente pequenas junto a ocular. Isto permite associarmos estas estruturas a coisas que habitam o nosso cotidiano. De muito longe elas até se parecem com coisas próximas a nós...
            Ngc  6940 é um pouco conhecido aglomerado aberto que habita a pouco visitada constelação de Vulpécula, a pequena raposa. É importante ressaltar que pouco conhecido especialmente pelos observadores austrais. Mais provavelmente devido a ausência de cultura astrônomica e de "autores observadores" clássicos como Webb, Smythe, Burnham, Houston e cia. ltda. 
            Foi  através de um autor mais contemporâneo que cheguei até 6940. O´Meara , em seu " Hidden Treasures", lista este aglomerado aberto como o tesouro escondido de no 101. E nele exercita o lúdico habito de apelidar as maravilhas celestiais. E o apelido que ele dá a Ngc 6940 demonstra bem o tamanho e a natureza deste grande aglomerado aberto. O Aglomerado de Mothra.
            Para os mais jovens convém informar que Mothra é um monstro fictício , arqui-inimigo do Godzilla. Uma gigantesca mariposa que foi retratada pela primeira vez em um clássico do cinema de ficção classe Z realizado pelos estúdios Toho em 1961. Eram os primórdios dos animatronics e esta gigante e docil criatura que era tratada como uma deidade pela tribo de uma ilha perdida no Pacifico parecia muito com uma marionete ...
            A nossa mariposa , como dito anteriormente, reside na constelação de Vulpécula . Vulpécula passeia baixa no horizonte norte do Rio de Janeiro e é mais lembrada como porto para  a Nebulosa do Haltere (M 27) e do asterismo travestido de aglomerado conhecido como "O Cabide" ou o Aglomerado de Brocchi.
            Apesar de que para burocracia astronômica o CEP de Ngc 6940 indicar que esta reside na Raposa a pratica nos leva a associar a mesma a mais manjada constelação de Cygnus , o cisne. Eu mesmo a registrei fotograficamente e como não tinha certeza de quem era a criatura fotografada batizei esta como "Aberto em Cisne" antes de investigar de fato quem era o elemento.  Localize 41 Cygnus e você estará muito perto de seu alvo...


            Um belo , grande e colorido aglomerado que foi registrado sob fortíssima poluição luminosa e disputando brilho contra as antenas no alto do Morro do Sumaré. E toda zona norte carioca brilhando ao fundo. Mesmo assim ele se destacava contra o brilho dos vapores de  sódio e mercúrio e chamou-me  atenção.
            Como falei o aglomerado é pouco conhecido por estas bandas mais devido a ausência de literatura especializada do que por culpa própria. Ngc 6940 é um dos 400 de Herschel e reside em diversas listas observacionais.
            Trata-se de um belo aglomerado galáctico que se espalha por 30´de arco no céu ( uma lua cheia) e possui varias dezenas de membros visíveis com qualquer auxilio  óptico . É uma descoberta original de William Herschel ( o pai) , o maior observador visual de todos os tempos. É a entrada H-VII 8 de seu catalogo . Este foi a fundação que posteriormente embasaria o Ngc organizado por Dreyer.  Ele descreve o Aglomerado de Mothra da seguinte forma :
" (observado em 17 de Julho de 1784) Um  muito rico e bonito aglomerado de pequenas estrelas de tamanho similar espalhadas. 20´dimaetro".
            Ngc 6940 foi alvo de um interessante estudo realizado por astrônomo holandês T. Belloni e por seu companheiro italiano G. Tagliaferri. Neste eles utilizaram o atual defunto satélite ROSAT para estudar a atividade coronal de estrelas em Ngc 6940. Aglomerados abertos são mantido juntos por fraca gravidade e são fadados a se desagregarem e desaparecerem. Os mais antigos conhecidos sobrevivem cerca de 5 bilhões de anos juntos. A atividade coronal em aglomerados depende , crucialmente . da rotação estelar. Esta tende a diminuir com a idade devida o redução  da atividade eletromagnética. Em Ngc 6940 ainda existe atividade coronal. mas restrita a estrelas tardias e especialmente em binarias tardias. Isto revela um idade na casa de 1 bilhão de anos. Uma idade avançada para a maioria dos aglomerados abertos... Utilizar atividade coronal para datar aglomerados abertos é uma técnica interessante e uma novidade para mim. Vivendo e aprendendo...
            O aglomerado possui cerca de 170 membros e com 1 bilhão de anos apresenta o ramo gigante já bem desenvolvido. O colorido é evidente.
            O´Meara percebe claramente a gigante Mothra e com sua descrição não é difícil ( para quem viu o filme...) entender o apelido:
"... a estrela dupla junto ao centro do aglomerado, nas costas gigantes da imensa mariposa, são ( evidentemente) as duas fadinhas irmãs e  telepáticas que galopam nas costas de Mothra e que cantam apelos a sua deusa sempre que precisam".


            Ele evidentemente se refere a duas pequenas fadas gêmeas que sempre acompanham Mothra. As gêmeas são consideradas semi-deusas pela tribo local que irá lutar para defende las. Dependendo do filme elas terão diversos títulos . Entre eles " The Cosmos"... No mais recente " A Volta de Mothra" seu papel é ampliado e elas ganham os nomes de Lora e Moll. E uma irmã malvada chamada de Belvera.


            Foi uma curiosa experiencia o pós processamento das fotos realizadas do Aglomerado de Mothra. Talvez devido a seu parentesco cinematográfico eu testei varias formas de processamento .  Talvez também devido aos nefastos efeitos da poluição luminosa nas capturas iniciais. As diversas fotos apresentadas tem como matriz 20 fotogramas de 25 segundos de exposição realizados com uma Canon T3 . 3200 ASA. O telescópio utilizado foi um refletor de 150 mm f8 montado em uma HEQ 5 pro. O alinhamento polar ficou a desejar...  Os resultados são os mais diversos . Infelizmente onde se consegue um menor ruido se perde o colorido. Foram utilizados diversos programas e métodos na série de fotos abaixo apresentados. Os principais foram:
Deep Sky Stacker , Fitswork 4, Maxim DL, Photoshop e Noiseware...










            Infelizmente nem eu sei exatamente qual foi a peregrinação que foi realizada por cada um dos resultados. Trata-se de uma degustação as cegas. Após a captura das imagens e durante o processamento foram consumida duas Garrafas de Casillero Del Diablo Devil´s Edition e uma de um Pinot Noir da Miolo...  Assim como batizar DSO´s beber vinho também faz parte do corpo lúdico da astronomia amadora... 

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