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quarta-feira, 31 de maio de 2017

M 12 : Mais um Globular Messier

             

             M 12 é uma descoberta original de Messier. Este o observou pela primeira vez em 30 de maio de 1764. Há exatamente 253 anos do momento que escrevo estas linhas.
            Sua descrição é digna de seus equipamentos. E é deveras semelhante ao que observo quando utilizando o “Galileu” (meu refrator de 70 mm f 13): “ Esta nebulosa não contém nenhuma estrela, é arredondada e de fraca luminosidade. Próximo a nebulosa se encontra uma estrela de 9a magnitude; 3´ de diâmetro. ”
            O primeiro ser humano a perceber a verdadeira natureza deste globular foi William Herschel: “ Um brilhante aglomerado, 7´ ou 8´ de diâmetro, sua parte mais concentrada possui 2´. ”  
            Seu filho John é mais prolixo: “ Um rico aglomerado globular... possui “retardatárias” em linha e ramos estendendo-se até certa distância de sua parte mais condensada que possui 3´ de diâmetro. Esta vem quase como uma chama em seu centro. Possui uma estrela de 11a ou 12a magnitude em seu meio. ”  Seu grande fã e contemporâneo Admiral Smyth (em seu “ The Bedford Catalog”) vê “diversos manchas (spots) brilhantes próximas ao centro” e “ um cortejo de estrelas brilhantes e muitas pequenas estrelas periféricas em seu entorno. ”
            Lorde Rosse (dono do “Leviatã de Parsontown”) e o primeiro a perceber estruturas espirais em várias galáxias (e posteriormente em tudo ao seu redor…) fala do aspecto espiral do Aglomerado.
            Observando com o Newton (meu refletor de 150 mm f8) o aglomerado se apresenta como um globular não muito denso. É um daqueles “híbridos” que visualmente habitam aquela zona cinza entre globulares e abertos muitos densos (como M 11). Resolvo muitas estrelas mesmo com visão direta.
            Alguns autores (Stoyan, O´Meara e mais alguns) utilizam expressões como “gêmeos”, ” parentes” e “semelhantes” ao se referirem a M 12 e M 10. Eu não consigo (visualmente) encontrar nenhuma. M 12 é um globular de classe IX. M 10 é de classe VII. (Escala Shapley de concentração). M 12 é um pouco mais próximo que M 10 (20.000 anos luz contra 27.000 anos luz). A massa total de M 12 é de 200.000 massas solares. Ele é ainda menor que M 10 do que pode sugerir sua observação visual. Ele se espalha por aproximadamente 85 anos luz de espaço contra os 140 de M 10.


M 10 e M 12  -Ambos fotografados na mesma noite. Percebem-se mais diferenças que semelhanças...

De qualquer forma Buonananno sugere que ambos se formaram juntos e ainda se influenciam.  M 12 possui apenas 5 estrelas variáveis catalogadas e destas apenas duas RR Lyrae. Bastante atípico para um globular. Ele é um globular do halo interno e nunca se afasta mais que 20.000 anos luz do centro galáctico. Apesar de possuir mais de 12 bilhões de anos ele poderá ser um globular de vida “curta”. Devido a sua baixa densidade estelar (Classe IX) e passeando muito perto ao núcleo galáctico ele é exposto a intensas marés que poderão acabar por dispersar seus membros.  Em um interessante artigo de Otto Struve que localizei espalhado na Sky and Telescope de setembro e outubro de 1953 ele apresenta o “Limite de Roche” aplicado a aglomerados estelares. A leitura é fácil e as contas nem metem medo. M 12 é um bom exemplo para o processo.


            Localizar M 12 em locais de poluição luminosa pode ser um pouco mais difícil. Em búzios nunca o consegui perceber pela minha buscadora de 10X50. Como meu 15X70 é tarefa fácil. Localize Zeta Ophiuchi e desta localize 12 Ophiuchi. M 12 vai estar a meio campo de buscadora a este- nordeste desta. Cuidado para não confundir com M 10. Com pequenas magnificações (e telescópios) serão bem semelhantes. Mas a partir do momento que estes se resolverem M 12 é inconfundível. Muito mais “frouxo” que M 10.   

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