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quinta-feira, 17 de agosto de 2017

M 9 , suas Distâncias e a "Relatividade"

      

        Continuando a apresentação dos globulares Messier em Ophiuchus chegamos a M 9. Apesar de ter sido um dos primeiros destes a ser fotografados sua imagem acabou ficando guardada no HD e somente agora cheguei até ele. Estou tentando zerar os objetos Messier que já fotografei e apresenta-los todos aqui no Nuncius Australis antes de entrar setembro. A primavera vai chegar com muito trabalho e como já disse quando tenho tempo não tenho dinheiro para observar e quando tenho dinheiro não tenho tempo. Espero chegar em outubro com esta equação mais bem acertada e poder tirar alguns dias para observar em um local bem escuro...

Esta versão é resultado de 22 X 30 Seg 3200 ISO Canon T3. DSS 3 drizzle +PS e Fits.  A foto que abre o post é fruto de um novo processamento usando o mesmo arquivo Tiff de 16 bits gerado pelo DSS e esticado no PixInsight.  Ambas tem tem pontos a favor. O PI tem menos ruido e está mais nitido. Mas o fits revela mais estrelas e aapesar do gradiente de fundo mais evidente revelou mais estrelas no campo. 
            Messier descobriu M 9 na noite de 28 para 29 de maio de 1764 (seu annus mirabilis) como “ uma nébula sem estrelas” e “ é arredondada e sua luz fraca, 3´de diâmetro. ”  Quase 20 anos depois (na verdade 19 anos ,11 meses e 5 dias) William Herschel descreveu que este é um DSO é, na verdade, um aglomerado estelar muito rico. E seguindo a ordem natural das coisas o Admiral Smyth, nos anos de 1830, o apresenta de forma mais detalhada:  “Este encantador objeto é composto de uma miríade de pequenas estrelas, aglomerando-se em uma chama em seu centro, e maravilhosamente agregadas, com numerosas estrelas externas sendo vislumbradas”. Lorde Rosse (dono do maior telescópio de seu tempo) menciona: “ Seu formato não é redondo; do lado sul há uma porção exterior separada de sua parte principal por uma passagem escura. ”  Heinrich d´Arrest por sua vez fala em um “aglomerado possuidor de um núcleo quase duplo e destaca uma elongação na direção Norte-Sul.
            Curiosamente nenhum destes jamais falou na elipsidade do último globular Messier que foi apresentado aqui no Nuncius Australis. E M 19 é muito mais alongado que M 9.

            Segundo Stoyan M 9 esta a aproximadamente 14.000 anos-luz do centro galáctico, situado do seu lado mais distante, além do bojo galáctico e a uma distância de nós de 46.000 anos luz. Em todas as outras fontes (e não foram poucas) que consultei este se encontra entre 5 e 7.000 anos luz do centro galáctico e entre 22 e 26.000 anos luz de nós. Pelo se tamanho aparente e brilho é difícil concordar com Stoyan. O que é curioso já que considero seu “Atlas of the Messier Objects-Highlights off the Deep Sky” (Cambridge Press 2008) um dos mais completos e belos trabalhos sobre Messier.  Sua massa total é ao redor de 300.000 sóis (desta vez sem muitas divergências).  21 variaveis RR Lyrae já foram catalogadas em M 9 e uma Cefeida do tipo II. Devido a sua localização no braço mais interno e oposto ao nosso M 9 sofre de muita absorção intergaláctica o que o apaga cerca de 1,5 magnitudes e pode tornar difícil o cálculo de distância. Mas nada tão exagerado como parece supor Stoyan (ele apresenta como justificativa para a distância por ele apresentada observações de algumas desta RR Lyrae feitas em 1999). Na verdade, M 9 é cercado por duas nebulosas escuras que são evidentes quando o observamos com binóculos. (B 64 e B 259). Sua idade é de aproximadamente 12 bilhões de anos.
            Apesar de sua magnitude (no Stellarium e outra fontes é de 8,4) e de diversas descrições falando que M 9 é um objeto Messier difícil eu sou obrigado a discordar. Concordo aqui com O´Meara e acho que sua magnitude é , na pior das hipóteses, de 7,8 (acho que 7,5 é um bom valor).   O observei de Búzios em noite de Lua nova. Em um mundo perfeito seria um céu Bortle 6. E este era pequeno, porém obvio em minha buscadora 8X50mm.  Utilizando o Newton (um refletor 150 mm f8) com 120X de aumento resolvi várias estrelas em sua borda mesmo com visão direta. Apesar de muito comentada não achei sua elipsidade tão óbvia (pelo menos nada comparável a M 19). A foto que ilustra este post é resultado de algumas dezenas de fotos e foi empilhada no Deep sky Stacker. Foi utilizado 3 drizzle de ampliação o que pode dar impressão de uma grandiosidade exagerada. M 9 não é grande, mas seguramente tem 5 a 6 ´de arco de diâmetro aparente. Reza a lenda que telescópios a partir de 300 mm o resolvem na integra. Acredito que é possível com bem menos que isto.  É importante frisar que a maior parte das descrições feitas é de observadores muito a norte. Desta forma são um pouco pessimistas. Sob a maior parte dos céus da Pindorama M 9 passa alto no céu  e ele nos revela bem mais detalhes do que dizem...


            Localiza-lo é fácil. Encontra-se a   cerca de 3o a sudeste de Sabik ou Eta Ophiuchi, uma estrela de 2a magnitude e a segunda mais brilhante da constelação. Outra possibilidade é imaginar uma linha entre Antares e Altair e almejar por um lugar no primeiro terço da viagem. Com binóculos é a melhor forma. O campo é lindo. Sempre que posso visito a região com meu 15X70. Neste M 9 é “quase granular”. E seus "apêndices" lhe dão um aspecto espiral. Quase galáctico. 
            M 9 é supostamente um dos mais apagados globulares Messier. Embora eu ache M 71 e diversos outros que viajam mais baixos no horizonte norte bem mais difíceis. Então aproveite para capturar um “DSO difícil” sem muito esforço. Tudo é relativo ao observador...



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